sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Série Grandes Educadores: Émile Durkheim, o criador da sociologia da educação

Em cada aluno há dois seres inseparáveis, porém distintos. Um deles seria o que o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) chamou de individual. Tal porção do sujeito - o jovem bruto -, segundo ele, é formada pelos estados mentais de cada pessoa. O desenvolvimento dessa metade do homem foi a principal função da educação até o século 19. Principalmente por meio da psicologia, entendida então como a ciência do indivíduo, os professores tentavam construir nos estudantes os valores e a moral. A caracterização do segundo ser foi o que deu projeção a Durkheim. "Ele ampliou o foco conhecido até então, considerando e estimulando também o que concebeu como o outro lado dos alunos, algo formado por um sistema de ideias que exprimem, dentro das pessoas, a sociedade de que fazem parte", explica Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas. 
Dessa forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida. 
Nessa concepção durkheimiana - também chamada de funcionalista -, as consciências individuais são formadas pela sociedade. Ela é oposta ao idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo "espírito" ou pela consciência humana. "A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios - sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento - que baliza a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela", escreveu Durkheim. 
Essa teoria, além de caracterizar a educação como um bem social, a relacionou pela primeira vez às normas sociais e à cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais têm na constituição de um desenvolvimento coletivo. "Todo o passado da humanidade contribuiu para fazer o conjunto de máximas que dirigem os diferentes modelos de educação, cada uma com as características que lhe são próprias. As sociedades cristãs da Idade Média, por exemplo, não teriam sobrevivido se tivessem dado ao pensamento racional o lugar que lhe é dado atualmente", exemplificou o pensador.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Como Einstein educou o filho


Em 31 de dezembro de 1999, a revista Time escolheu o personagem do século XX. O rosto que aparecia na capa não era o de um esportista nem de um ator ou estrela de rock, nem um líder pacifista depois de duas guerras mundiais. Pertencia a um sábio. A pessoa mais importante foi Albert Einstein. 
A influência do cientista (1879 – 1955) vai além de sua célebre teoria da relatividade, que completa cem anos. Alguém que acumulou tanta ciência deve ter dito muitas coisas no campo da aprendizagem, e de fato disse. Passou boa parte de seus dias contando sua paixão por aprender, em ensaios, cartas e conferências que deixaram um vertedouro de frases inspiradoras nas quais mergulhamos para aprender a aprender. Algo nada desprezível, dado que a aprendizagem é imperecível. “O estudo e, em geral, a busca da verdade e da beleza, constituem uma área na qual podemos continuar sendo crianças por toda a vida”, refletiu em um de seus textos recolhidos por Helen Dukas e Banesh Hoffman em The Human Side. New Glimpses from his Archives, Princeton University Press, 1979 (O Lado Humano: Novos Vislumbres de seus Arquivos).
Uma abordagem que aparece com frequência em seus escritos é a rejeição da aprendizagem como imposição. Einstein estudou sete anos no colégio Luitpold Gymnasium, de Munique, onde era aplicada a memorização, fundamentada na repetição até a retenção. Frustrado, ele abandonou a escola antes de concluí-la. “O ensino”, escreveria anos depois, “deve ser de tal modo que possa ser recebido como o melhor presente e não como uma amarga obrigação", observou em Como Vejo o Mundo (1949).


Faça o que você gosta

Em Notas Autobiográficas (1949) ele descreve o conflito entre seu método seletivo e as exigências acadêmicas: “Aprendi muito cedo a pinçar aquilo que podia conduzir ao cerne, prescindindo da multiplicidade de coisas que abarrotam a mente e a desviam do essencial. O inconveniente era que para os exames era necessário enfiar todo esse material na cabeça, quisesse ou não (...). É um erro grave acreditar que a vontade de olhar e buscar pode ser fomentada a golpe de coação e sentido de dever. Penso que até mesmo um saudável animal caçador pode ser privado de sua voracidade se lhe obrigarem continuamente a comer quando não tem fome”.
Com esse ressentimento, aconselhou seu filho a procurar encontrar prazer na aprendizagem, superando a rigidez do sistema. “Toque no piano principalmente aquilo de que você gosta, embora a professora não te ensine. É a melhor maneira de aprender, quando você está fazendo algo com tal prazer que não se dá conta de que o tempo passa”, escreveu em carta ao filho Tete, compilada em Posterity: Letters of Great Americans to their Children(Posteridade: Cartas de Grandes Americanos a seus Filhos), de Dorie McCullough Dawson, 2008.
Para alcançar a excelência, privilegiava a prática à teoria: “As grandes personalidades não são formadas pelo que se ouve ou o que se diz, mas mediante o trabalho e a atividade. Por conseguinte, o melhor método de educação sempre foi aquele em que se insta o discípulo à realização de tarefas concretas. Isso se aplica tanto às primeiras tentativas da criança de escrever como a uma tese universitária (...), a interpretar ou traduzir um texto, a resolver um problema de matemática ou à prática de um esporte”, escreve em Sobre Ciência e Religião (1939).
Ele usou precisamente o esporte como analogia para explicar a diferença ente aprendizagem e educação: “Se um homem jovem treinou seus músculos e sua resistência física fazendo ginástica e caminhando, mais tarde estará preparado para qualquer trabalho físico. Isso é análogo à mente (...). Não estava enganado aquele que disse: ‘A educação é o que fica quando alguém esquece tudo o que aprendeu na escola’”, em Sobre a Educação, 1936.
Einstein defendia um ensino que favorecesse a individualidade como aporte para a coletividade. “Deveriam ser cultivadas no indivíduo qualidades para o bem comum. Isso não significa que (...) se transforme em mero instrumento da comunidade, como uma abelha (...). O objetivo deve ser formar indivíduos que atuem com independência e que considerem o serviço à comunidade como seu interesse vital.” (Minhas Crenças).
No entanto, o que uma pessoa ganha ao se cultivar para servir às demais? Fama, dinheiro...? No mesmo livro ele diz: “Temos que nos prevenir contra quem prega aos jovens o sucesso como objetivo da vida. (...) O valor de um homem deveria ser julgado em função do que dá, e não do que recebe. A tarefa decisiva do ensino é despertar essas forças psicológicas no jovem.” Pregou com o exemplo.



Fonte: El País, 01 de dezembro de 2015.


Vejam pelo link:





Série Grandes Educadores: Michel Foucault: Um crítico da instituição escolar


Poucos pensadores da segunda metade do século 20 alcançaram repercussão tão rápida e ampla quanto o francês Michel Foucault (1926-1984). Por ter proposto abordagens inovadoras para entender as instituições e os sistemas de pensamento, a obra de Foucault tornou-se referência em uma grande abrangência de campos do conhecimento. Em seus estudos de investigação histórica, o filósofo tratou diretamente das escolas e das ideias pedagógicas na Idade Moderna. Além disso, vem inspirando uma grande variedade de pesquisas sobre educação em diversos países. "Foi Foucault quem pela primeira vez mostrou que, antes de reproduzir, a escola moderna produziu, e continua produzindo, um determinado tipo de sociedade", diz Alfredo Veiga-Neto, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Em vez de tentar responder ou discutir as questões filosóficas tradicionais, Foucault desenvolveu critérios de questionamento e crítica ao modo como elas são encaradas. A primeira consequência desse procedimento é mostrar que categorias como razão, método científico e até mesmo a noção de homem não são eternas, mas vinculadas a sistemas circunscritos historicamente. Para ele, não há universalidade nem unidade nessas categorias e também não existe uma evolução histórica linear. O peso das circunstâncias não significa, no entanto, que o pensador identificasse mecanismos que determinam o curso dos fatos e os acontecimentos, como o positivismo e o marxismo.
Investigando o conceito de homem no qual se sustentavam as ciências naturais e humanas desde o iluminismo, Foucault observou um discurso em que coexistem o papel de objeto, submetido à ação da natureza, e de sujeito, capaz de apreender o mundo e modificá-lo. Mas o filósofo negou a possibilidade dessa convivência. Segundo ele, há apenas sujeitos, que variam de uma época para outra ou de um lugar para outro, dependendo de suas interações.


Veja também em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Série Grandes Educadores: Johann Heinrich Pestalozzi, o teórico que incorporou o afeto à sala de aula



Pioneiro da reforma educacional e um dos pioneiros da pedagogia moderna, fundou escolas e cativava pessoas para a causa de uma educação capaz de atingir a todos, numa época em que o ensino era privilégio de poucos.
Para a mentalidade contemporânea, amor talvez não seja a primeira palavra que venha à cabeça quando se fala em ciência, método ou teoria. Mas o afeto teve papel central na obra de pensadores que lançaram os fundamentos da pedagogia moderna. E nenhum deles deu mais importância ao amor, em particular ao amor materno, do que o suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827).
Antecipando concepções do movimento da Escola Nova, que só surgiria na virada do século XIX para o XX, Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas. “Segundo ele, o amor deflagra o processo de autoeducação”, diz a escritora Dora Incontri, uma das poucas estudiosas de Pestalozzi no Brasil.
A escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar como inspira-se no ambiente família, para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto. Ao contrário de muitos de seus contemporâneos, o pensador suíço não concordava totalmente com o elogio da razão humana. Para ele, só o amor tinha a força salvadora, capaz de levar o homem à plena realização moral – isto é, encontrar conscientemente, dentro de si, a essência divina que lhe dá liberdade.
“Pestalozzi chega ao ponto de afirmar que a religiosidade humana nasce da relação afetiva da criança com a mãe, por meio da sensação de providencia”, diz Dora Incontri.


Fonte:

Veja também em:

Os limites do conhecimento na globalização – por Edgar Morin


No vídeo exclusivo, Morin reflete sobre seus interesses enquanto filósofo e sociólogo: os limites do conhecimento e da razão, bem como a relação entre a poesia e a racionalidade. Ainda, questiona a possibilidade da mudança de pensamento em um mundo globalizado e acelerado. É possível sairmos de uma visão fechada em formas particulares para o pensamento complexo, capaz de ver os problemas em sua integralidade?




sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Série Grandes Educadores: Platão, o primeiro pedagogo



A partir desta semana, iniciamos uma série denominada Grandes Educadores, que tem por objetivo trazer um pouco do legado dos maiores educadores da história. Hoje iniciamos com Platão, fundador da primeira instituição de ensino superior do mundo ocidental.
Na história das ideias, o grego Platão (427-347 a.C.) foi o primeiro pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional para o seu tempo mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo final da educação, para o filósofo, era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo.
Platão foi o segundo da tríade dos grandes filósofos clássicos, sucedendo Sócrates (469-399 a.C.) e precedendo Aristóteles (384-322 a.C.), seu discípulo. Como Sócrates, Platão rejeitava a educação que se praticava na Grécia em sua época e que estava a cargo dos sofistas, incumbidos de transmitir conhecimentos técnicos - sobretudo a oratória - aos jovens da elite, para torna-los aptos a ocupar as funções públicas. "Os sofistas afirmavam que podiam defender igualmente teses contrárias, dependendo dos interesses em jogo", diz Sérgio Augusto Sardi, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. "Platão, ao contrário, pensava em termos de uma busca continuada da virtude, da justiça e da verdade."
Para Platão, "toda virtude é conhecimento". Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira - portanto, a educação não pode se restringir aos anos de juventude. Educar é tão importante para uma ordem política baseada na justiça - como Platão preconizava - que deveria ser tarefa de toda a sociedade.


Para Edgar Morin, “é preciso educar os educadores”


O antropólogo, sociólogo e filósofo Edgar Morin, numa entrevista ao jornal O Globo, critica o modelo ocidental de ensino e diz que o professor tem uma missão social, por isso, segundo ele, “é preciso educar os professores”.
Na ocasião, ele foi um dos conferencistas do 1º Encontro Internacional Educação 360, promovido pelos jornais O Globo e Extra, juntos com a Escola Sesc de Ensino Médio e a Prefeitura do Rio, apoiados pelo Canal Futura. O evento aconteceu nos dias 5 e 6 de setembro de 2014, na auditório da instituição que cedeu o espaço.
Morin, discorre sobre a importância do professor no processo de ensino-aprendizagem, contudo diz, que precisa haver um reformulação da atuação docente. Para ele, a revolução no sistema educacional brasileiro vai passar pela reforma na formação de seus professores.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova


O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova", datado de 1932, foi escrito durante o governo de Getúlio Vargas e consolidava a visão de um segmento da elite intelectual que, embora com diferentes posições ideológicas, vislumbrava a possibilidade de interferir na organização da sociedade brasileira do ponto de vista da educação. Redigido por Fernando de Azevedo, dentre 26 intelectuais, entre os quais Roldão Lopes de Barros, Anísio Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Antônio F. Almeida Junior, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles. Ao ser lançado, no meio do processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento tornou-se o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. O movimento reformador foi alvo da crítica forte e continuada da Igreja Católica, que naquela conjuntura era forte concorrente do Estado na expectativa de educar a população, e tinha sob seu controle a propriedade e a orientação de parcela expressiva das escolas da rede privada.
Escolhi esta publicação como sendo a primeira oficial do blog, porque simboliza a luta para dar acessibilidade à educação aos brasileiros em uma época que o ensino era segmentado, e de certa forma restrito. Oitenta e três anos depois ainda parece tão atual, visto que a luta por uma educação igualitária ainda permanece, contudo não podemos desconsiderar que houve uma evolução no sistema educacional brasileiro.


Acessem os links e vejam mais a respeito do manifesto.

Fonte:


Link de Consulta do Documento:

Saudações!


Olá a todos!
Hoje inicio um momento importante para mim como um defensor da educação de qualidade, acessível e igualitária.
Este blog entra no ar com o intuito de ser um instrumento de compartilhamento de conteúdos, dicas e debates sobre as diversas possibilidades de recursos, ingressos e conscientização para a educação no Brasil.
Pretendo com ele, formar uma rede de conexão com pessoas interessadas em dialogar sobre o que é educação, o fazer pedagógico e as possibilidades de melhorias para alcançarmos ótimos níveis de qualidade educacional. Ele contará com periódicos mensais, dicas de conexões, cursos e concursos acadêmicos.
As publicações serão feitas, preferencialmente nos fins de semana, para que todos não percam as novidades do mundo acadêmico.
Convido a todos os profissionais de educação e acadêmicos para conhecerem e formarem uma parceria comigo nesta causa.
Sejam todos muito bem vindos, e vamos juntos lutar por uma educação melhor, que beneficie todos os brasileiros.

Um forte abraço,

Francisco Oliveira